sábado, 14 de outubro de 2017

Paternidade

É muito estranho designar a Deus-Pai o ofício de "PATERNIDADE" e designar Deus-Pai como pai de Jesus...

Olhem essa frase :

" O ofício de um pai recebe com isto um significado tremendamente importante. A função de um pai deriva sua santidade, autoridade e importância do fato dela ser uma projeção aqui na terra da paternidade divina e eterna de Deus no céu."

Designar a Deus-Pai a origem de todas as coisas é herético:"mas toda paternidade é derivada e estabelecida a partir do ofício do Pai na divindade."

"Eu pensava que Deus só se tornava Pai quando eu me tornava seu filho. Isto não está correto. Deus é Pai eternamente. Antes da criação, Deus já era Pai. Ele é o Pai do nosso Senhor Jesus Cristo. O relacionamento de Pai para Filho dentro da divindade é eterno. Antes que qualquer coisa fosse criada, Deus eternamente era Pai, e Cristo era eternamente seu Filho"

Essa visão de Pai eterno na trindade e de Filho eterno na trindade é herética.

Deus e o cabeça de Cristo como filho e não como Deus.

Há principios que são naturais ou seja mesmo que um casal não seja cristão,se o marido amar e a mulher for submissa,esse lar ira bem.

Encontrei dificuldade em ver como um relacionamento eterno Pai-Filho poderia ser compatível com a perfeita igualdade e eternidade entre as Pessoas da Trindade. “Filiação”, conclui, indica o lugar de submissão voluntário à qual Cristo condescendeu em sua encarnação (cf. Filipenses 2:5-8; João 5:19

Sobre a filiação-encarnacional de Cristo:

1. O título “Filho de Deus” quando aplicado a Cristo na Escritura sempre fala de sua DEIDADE essencial e de sua IGUALDADE absoluta com Deus, não de sua subordinação voluntária. Os líderes judeus dos tempos de Jesus entenderam isso perfeitamente. João 5:18 diz que eles pediram a pena de morte contra Jesus, acusando-o de blasfêmia “porque não só violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”.

Naquela cultura, um filho adulto dignitário era considerado como sendo igual ao seu pai em estatura e privilégio. A mesma deferência exigida por um rei era fornecida ao seu filho adulto. O filho era, no final das contas, da mesmíssima essência que o seu pai, herdeiro de todos os direitos e privilégios do pai - e, portanto, igual ao pai em toda consideração significante. Assim, quando Jesus foi chamado de “Filho de Deus”, isso foi entendido categoricamente por todos como um título de deidade, fazendo-o igual com Deus e (mais significantemente) da mesma essência que o Pai . Isso foi precisamente o porquê os líderes judeus consideraram o título “Filho de Deus” como alta blasfêmia.

Se a filiação de Jesus significa sua deidade e expressa igualdade com o Pai, ela não pode ser um título que pertence somente à sua encanação. De fato, o ponto principal do que se quer dizer por “filiação” (e certamente isso incluiria a essência divina de Jesus) deve pertencer aos atributos eternos de Cristo, não meramente à humanidade que ele assumiu.

2.A palavra grega traduzida como “unigênito” é monogenes . A ênfase do seu significado tem a ver com a unicidade absoluta de Cristo. Literalmente, ela pode ser traduzida como “um de um tipo” - e, todavia, ela claramente significa que ele é da mesmíssima essência que o Pai. Esse, creio, é o próprio cerne do que se quer dizer pela expressão “ unigênito”.

Dizer que Cristo é “gerado” é em si mesmo um conceito difícil. Dentro do reino da criação, o termo “gerado” fala da origem da descendência de alguém. O gerar de um filho detona sua concepção - o ponto em que ele veio à existência. Assim, alguns assumem que “unigênito” refere-se à concepção do Jesus humano no ventre da virgem Maria. Todavia, Mateus 1:20 atribui a concepção do Cristo encarnado ao Espírito Santo, não a Deus o Pai. O gerar ao qual o Salmo 2 e João 1:14 se referem parece claramente ser algo mais do que a concepção da humanidade de Cristo no ventre de Maria.

Eu creio que esse é o sentido que a Escritura deseja transmitir quando ela fala da geração de Cristo pelo Pai. Cristo não é um ser criado (João 1:1-3). Ele não teve princípio, mas é tão eterno quanto o próprio Deus. Portanto, o “gerar” mencionado em Salmo 2 e suas referências cruzadas não tem nada a ver com sua [de Cristo] origem .

Expressões como “geração eterna”, “Filho unigênito”, e outras pertencentes à filiação de Cristo, devem todas ser entendidas nesse sentido: a Escritura as emprega para enfatizar a absoluta unicidade da essência entre Pai e Filho. Em outras palavras, tais expressões não pretendem evocar a idéia de procriação; elas pretendem transmitir a verdade sobre a unicidade essencial compartilhada pelos Membros da Trindade.

A Escritura empregava a terminologia Pai-Filho antropomorficamente - acomodando verdades celestiais insondáveis às nossas mentes finitas, moldando-as em termos humanos.



quarta-feira, 11 de outubro de 2017

PROJETO DANÇA



                                                           PREFÁCIO


NÓS CRISTÃOS SOMOS UNIDOS NO HISTÓRICO DO CRISTIANISMO BÍBLICO,NOS FUNDAMENTOS DA FÉ,MAS NÃO SOMOS UNIDOS EM ASSUNTOS QUE NÃO SÃO ABSOLUTOS,E POR INCRÍVEL QUE PAREÇA,SÃO ESTES ASSUNTOS QUE NOS SEPARAM.

O QUE NOS SEPARA SÃO QUESTÕES TEOLÓGICAS OU TEMPERAMENTAIS?
ESTAMOS TENTANDO VIVER BAXTER:" NOS ASSUNTOS ESSENCIAIS: UNIDADE,NAS INDIFERENTES :LIBERDADE E EM TODAS AS COISAS: AMOR..."

A TENDÊNCIA PARA O EXTREMISMO É UMA GRANDE FRAQUEZA DE NÓS CRISTÃOS,E ISSO NOS FAZ EXTREMISTAS,ACONTECENDO MAIS NAS EXPERIENCIAS,POIS AO LADO DELAS ESTÁ A DESCONFIANÇA.

SOMOS RACIONAIS E EMOCIONAIS( FILIPENSES 3:8,I PEDRO 1:8 ),FOI ASSIM QUE ME APROXIMEI DESSE MINISTÉRIO DE DANÇA E NÃO CRER NOS EXTREMOS,PORQUE ELES NÃO PODEM ESTAR RESTRITOS A TEMPERAMENTOS( CULTURAS,POIS FAZEM PARTE DA EXISTÊNCIA HUMANA E ESSE MINISTÉRIO ENVOLVE ESSAS DUAS FACETAS)

O MEU DESEJO É QUE A VERDADE COLOQUE FOGO NO NOSSO CORAÇÃO E QUE AS PERSPECTIVAS DA VERDADE DE DEUS SOBRE O ASSUNTO NOS TIRE DA CONTEMPLAÇÃO( LUCAS 24:32 ),POIS TEOLOGIA PROFUNDA É LENHA PARA A NOSSA DEVOÇÃO E TEOLOGIA QUE NÃO TRAZ FOGO É DEFEITUOSA.

TEMOS AINDA UM OUTRO EXTREMO:O CONSERVADORISMO QUE QUER PRESERVAR O PASSADO E NÃO ACEITA MUDANÇAS OU O RADICAL QUE SE REBELA AO HERDADO E FAZEM AGITAÇÕES POR MUDANÇAS.

SOMOS GUARDÕES DO EVANGELHO,MAS NÃO PODEMOS FICAR ATOLADOS E ENDURECIDOS.

É PAPEL DA IGREJA REFORMAR COM EMBASAMENTO BÍBLICO( MATEUS 7:1-13 ).

FOI ASSIM,TAMBEM,QUE ME APROXIMEI DESSE MINISTÉRIO,TENTANDO COMBINAR O CONSERVADOR EM RELAÇÃO A PALAVRA E O RADICAL NO SEU ESCRUTÍNIO DE TODAS AS OUTRAS COISAS E ISSO É LEALDADE AO MESTRE,DISCERNINDO O QUE É CULTURA E ESCRITURA.

UMA BUSCA PARA O LIVRE,O FLEXÍVEL,O ESPONTÂNEO E O NÃO ESTRUTURADO,TENTANDO RESPIRAR DO SUFOCO DAS NOSSAS FORMALIDADES,MAS ISSO NÃO SIGNIFICA ANARQUIA



                                                    CAPÍTULO I   PELOURINHO



TAMBÉM CONHECIDO COMO "PICOTA",É UMA COLUNA DE PEDRA EM UM LUGAR PÚBLICO DE UMA CIDADE,ONDE CRIMINOSOS ERAM PUNIDOS E EXPOSTOS.

PASSANDO POR VÁRIAS CONOTAÇÕES E ESTILOS TORNARAM-SE VALORES ARTÍSTICOS.
NO BRASIL FORAM TRAZIDOS POR D. MARIA.
O NOME MAIS CONHECIDO POR "PELOURINHO" É O DE UM BAIRRO EM SALVADOR-BA,LOCALIZADO NO CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE,ABRANGENDO RUAS QUE VÃO DO TERREIRO DE JESUS AO LARGO DO PELOURINHO,TAMBÉM CONHECIDO COMO "PELÔ".
ESCOLHIDO POR TOMÉ DE SOUZA ESTRATEGICAMENTE COMO LUGAR DE DEFESA DA CIDADE(1549),ATÉ INÍCIO DO SÉCULO XX,ERA CENTRO RESIDENCIAL EMINENTE,E TAMBÉM COMERCIAL E ADMINISTRATIVO,MAS A PARTIR DE 1950,HOUVE TRANSFERÊNCIA DE ATIVIDADES E ESSE BAIRRO SOFREU MUITAS DEGRADAÇÕES,E HOJE,CENTRO DE PROSTITUIÇÃO E MARGINALIDADE,MAS TAMBEM CENTRO CULTURAL NEGRO COM UMA EFERVECÊNCIA CULTURAL QUE ATRAI ARTISTAS DE TODOS OS GÊNEROS.

FOI NESSE PELOURINHO COLORIDO,CHEIO DE ATIVIDADES CULTURAIS,UM SHOPPING AO AR LIVRE,NESSE PELOURINHO DO OLODUM E DOS FILHOS DE GHANDI,QUE DEUS ME DEU UMA VISÃO,A VISÃO MAIS ESTRANHA DA MINHA VIDA,MAS QUE ABRIU OS MEUS OLHOS PARA O MINISTÉRIO MAIS INCRÍVEL NA IGREJA HOJE: A DANÇA




                                                           



                                               CAPÍTULO II    TERREIRO DE JESUS


PRAÇA DE GRANDE IMPORTÂNCIA NO PELOURINHO ( CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR ),LIMITA-SE A PRAÇA DA SÉ ( PRAÇA 15 DE NOVEMBRO ).
ÁREA DOADA POR TOMÉ DE SOUZA AOS JESUÍTAS,LIDERADOS POR MANOEL DA NÓBREGA,CONSTRUÍRAM UMA CAPELA,BASE PARA O COLÉGIO DOS JESUÍTAS,E DEVIDO MUITOS PADRES JESUÍTAS FICOU CONHECIDO COMO " TERREIRO DE JESUS ",HOJE CATEDRAL DE SALVADOR,MAS NESSE LUGAR ESTÃO:CONVENTO,IGREJA DE SÃO FRANCISCO,IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DE SÃO DOMINGOS E PRIMEIRA FACULDADE DE MEDICINA.

POR SER O CENTRO DO CORAÇÃO,ESSE LUGAR É PALCO DE MUITOS ESPETÁCULOS MUSICAIS

                                               
                                                    1. A VISÃO



A FORÇA ESPIRITUAL DESSE LOCAL DO PELOURINHO É INEXPLICÁVEL,E FOI NUMA DESSAS CENTENAS DE IDAS A ESSE LOCAL,QUE DEUS ME DEU UMA VISÃO,A QUAL CHAMO "LIBERTAÇÃO DO PELOURINHO "

O PELOURINHO É UM CENTRO CULTURAL,ONDE AS MENSAGENS SÃO PERFORMALIZADAS POR DRAMATIZAÇÕES CÊNICAS OU PROPRIEDADES LÚDICAS ESTÉTICAS À EXPRESSÕES CORPORAIS( CANTO E DANÇA ),EM SINTONIA COM A PERCUSSÃO ,EM SUA MAIORIA LIGADAS A ÁFRICA PRÉ-DIÁSPORA  ANTERIOR À ESCRAVIDÃO,ONDE QUALQUER OUTRA MENSAGEM  NÃO É BEM VINDA,FAZENDO DESSE LUGAR UM TRONO DE ESCRAVIDÃO ESPIRITUAL,SIMBOLIZADA PELA HISTÓRIA DA ESCRAVIDÃO AFRICANA

AS COMUNIDADES AFROS USAM A DANÇA COMO MEIO PARA MOSTRAR SUA CULTURA RESISTIR A OUTRAS  CULTURAS.

NA ILHA DE ITAPARICA,EXISTEM VÁRIOS MESTRES E GRUPOS DE DANÇA,O QUE NÃO É NATURAL,PORQUE A MESMA ESTÁ LIGADA AO RECÔNCAVO,INTERIOR DO ESTADO E A TODO PAÍS,E POR SUA IMPORTÂNCIA ÀS OUTRAS ILHAS( LÁ ESTÁ A ÚNICA FONTE HIDRO MINERAL À BEIRA MAR DAS AM[ERICAS)E A VERA CRUZ( MUNICÍPIO),ONDE O SAMBA DE RODA E O CANDOMBLÉ SÃO ADORAÇÃO AOS ORIXÁS COM DANÇAS TRADICIONAIS QUE NÃO EXISTEM NEM MESMO NA ÁFRICA.

É NESSE CONTEXTO MÍSTICO,HISTÓRICO,CÊNICO,APOCALÍPTICO,LIBERTADOR QUE DEUS ME DEU A VISÃO:

EU ESTAVA NO CENTRO DA PRAÇA DO TERREIRO DE JESUS,EM FRENTE DA CATEDRAL SÃO DOMINGOS E VI ENFILEIRADOS OS 7 ORIXÁS (Considera que orixá é um título aplicado a espíritos que alcançaram um elevado patamar na hierarquia espiritual, os quais representam, em missões especiais, de prazo variável, o alto chefe de sua linha. É pelos seus encargos comparável a um general: ora incumbido da inspeção das falanges, ora encarregado de auxiliar a atividade de centros necessitados de amparo, e, nesta hipótese fica subordinado ao guia geral do agrupamento a que pertencem tais centros) DA UMBANDA( RELIGIÃO BRASILEIRA,DIFERENTE DO CANDOMBLÉ QUE É AFRICANA)

1. IEMANJÁ COM SEU BRANCO CRISTAL COM SUAS PEDRAS EM PÉROLAS E TURQUESA,E SUAS FALANGES EM PRATA E OURO BRANCO

2. OXUM COM SEU AZUL E BRANCO E SUAS PEDRAS SODALITA ,PERITA COM SUAS FALANGES EM OURO AMARELO.

3. XANGÔ COM SEU MARROM MARCANTE E SUA MACHADA ,E SUAS FALANGES COM TOPÁZIO E CITRINO,BRONZE E O COBRE

4. IANSÃ E SEU AMARELO OU CORAL COM PEDRAS DE QUARTZO ROSA,COM FALANGES ADORNADAS DO BRONZE E O COBRE

5. OXALÁ ORNADO EM SEU BRANCO COM CETRO DE METAL E SUAS FALANGES EM OURO AMARELO E BRANCO E ESTANHO

6. OGUM  E SEU VERMELHO E BRANCO COM SUA ESPADA E SUAS FALANGES MARCADAS PELO PREDOMINANTE VERMELHO,COM PEDRAS ÁGATA DE FOGO,RUBI E O SÁRDIO,E SUAS ARMAS DE FERRO 

7. OXÓSSI  COM SEU VERDE E NUANCES VERMELHO E BRANCO,COM SEU ARCO E FLECHA A E FALANGES CARACTERIZADAS PELO JASPE,QUARTZO E ESMERALDA VERDES,ARMAS DE LATÃO BRANCO 

ESSES 7 ORIXÁS COM SUAS 450 FALANGES E CADA FALANGE COM SUAS 2.500 A 6.000 ENTIDADES,ESTAVAM ARREGIMENTADAS NESSA PRAÇA,COMO QUE GUARDANDO-A E PRONTOS PARA UMA POSSÍVEL GUERRA.

DIANTE DE TAL QUADRO,QUAL NÃO FOI A MINHA SURPRESA COM AS PALAVRAS QUE OUVI:


" TODO ESSE EXÉRCITO SÓ SERÁ DERROTADO ATRAVÉS DA "DANÇA"...
NESSE LUGAR,ONDE A CULTURA É ANUNCIADA ATRAVÉS DA DANÇA,MINISTRAS VIRÃO E COM DANÇAS QUE ENVOLVERÃO TODOS OS PILARES,IRÃO LIBERTAR ESSE LUGAR,QUE AINDA É UM CINTURÃO DE SATANÁS NESSE PAÍS,E FARÁ DESSE LUGAR UM FAROL DE LIBERTAÇÃO PARA O MUNDO "

ERA COMO SE EU TIVESSE SIDO ARREBATADO E PUDE VER VÁRIAS MINISTRAS,DE VÁRIOS LUGARES DO BRASIL E DO MUNDO MINISTRANDO NAQUELE LUGAR,REGIDAS POR PASTORAS E PASTORES,QUE COM DISCERNIMENTO,PERMEAVAM POR TODOS OS PILARES DE ACORDO COM A ORQUESTRAGEM DO ESPIRITO...

VI MINISTRAS E MINISTROS COM SUAS VESTES MINISTERIAIS COM SUAS VARIADAS CORES E SIMBOLISMOS,SEUS ADEREÇOS COMO BANDEIRAS, ESTANDARTES,VASOS....



                                       2. A REVELAÇÃO


DEVIDO MINHA FORMAÇÃO PRESBITERIANA,SEMPRE TIVE UM "PÉ ATRAS" COM AS DANÇAS NA LITURGIA,TALVEZ POR NÃO TER VISTO UM CORRETO EXERCER DO MINISTÉRIO EM SUAS MINISTRAÇÕES OU VÊ-LO APENAS COMO UMA COREOGRAFIA,EM SUA MAIORIA MAL FEITA OU FORA DE CONTEXTO(O QUE SE CANTA NÃO HARMONIZA COM O MOVIMENTO(COROGRAFIA).

NO ANO DE 2006,QUANDO NOSSA COMUNIDADE AINDA ERA IGREJA CRISTÃ EVANGÉLICA,DEUS ME DEU UMA VISÃO,EM QUE OCORRERIA UMA DIVISÃO DA IGREJA E QUE FILHOS DAQUELA GERAÇÃO MORRERIAM,E APENAS OS ESTIVESSEM GUARDADOS PELA "INTERCESSÃO DA DANÇA" IRIAM SOBREVIVER.
ESSA VISÃO ESTÁ REGISTRADA NESSE MEU BLOG

( http://intrecessoresfomeesede.blogspot.com.br/2009/08/visao-profetica-16112007.html )


VISÃO PROFÉTICA (16/11/2006)

NESTE DIA,TIVE UMA VISÃO DE UM GRUPO DE INTERCESSÃO,MAS ESTES INTERCEDIAM COM *DANÇAS*...(A INTERCESSÃO ERA POR ALGUÉM QUE SERIA ASSASSINADO....)
UMA PALAVRA VEIO,ESCRITA DE FORMA BEM DESTACADA ESCRITA:" JEJUAI E CHORAI..."

A VISÃO CONTINUAVA,MOSTRANDO A MORTE DE PARTE DESTA GERAÇÃO,GERAÇÃO QUE ENVOLVE FILHOS ENTRE 18 E 22 ANOS,IDADE DE FILHOS QUE N-AO TEMEM AO SENHOR...ESSA MORTE NÃO PROCEDERIA DO INIMIGO,MAS POR PERMISSÃO DELE AOS FILHOS DA GERAÇÃO QUE NÃO TIVESSEM A *MARCA DA INTERCESSÃO*(ESSE SERIA O SANGUE)

A VISÃO CONTINUA MOSTRANDO UM NOVO MOVER DO SENHOR SOBRE A CIDADE DE GOIANIA,SENDO QUE SUA VOLTA SERIA POR ONDE ELE SAIU(EZEQUIEL 44...O CAMINHO DA PORTA EXTERIOR DO SANTUÁRIO,QUE OLHA PAPA O ORIENTE,A QUAL ESTAVA FECHADA....).ALGUMAS ORDENS SÃO DADAS À CASA(MINISTÉRIO FOME E SEDE DE DEUS):
.QUEM VAI ENTRAR...
.QUEM VAI SER EXCLUIDO...
.PALAVRA SOBRE OS REBELDES:*BASTA...VIOLARAM MUITAS REGRAS...*
.ESTRAGEIROS FARIAM A OBRA,DESVIADOS VOLTARÃO E REALIZARIAM A OBRA COM OS FIEIS QUE PERMANECERAM...
.NESTE PERIODO UM ANO NOVO COMEÇARIA E TODOS  DEVERIAM FAZER UM COMPROMISSO DE UMA OFERTA ESPECIAL DE UM ANO(UM PROPOSITO FEITO POR TODOS)

DIANTE DESTES ACONTECIMENTOS AS ÁGUAS PURIFICADORAS ACONTECERIAM(EZEQUIEL 47).

A VISÃO CONTINUA MOSTRANDO UMA ALIANÇA ENTRE OS PASTORES SANDRO GOMES E FERNANDES(MINISTÉRIO REFATÁ),ONDE O TEMPLO SERIA ADQUIRIDO,MAS CONFORME O CUMPRIMENTO DA PROFECIA(EZEQUIEL 44 A 47)...."


DEZ ANOS SE PASSARAM,E APÓS UM CULTO JÁ NA COMUNIDADE FOME E SEDE E NO NOVO TEMPLO(ADQUIRIDO CONFORME PROFECIA DE 2006),VI UMA APRESENTAÇÃO DO GRUPO DE DANÇA QUE ME DEIXOU MUITO CONTRARIADO.

ALGUNS JOVENS COMEÇARAM A FREQUENTAR NOSSA IGREJA,ENTRE ELES UMA JOVEM CHAMADA MARIANA.
NESSE DIA,ELA COMEÇOU A DANÇAR DE UMA FORMA TODA DESCORDENADA,QUE AO MEU VER NADA QUERIA DIZER,E ISSO ME REVOLTOU MUITO.
CHEGANDO EM CASA O ESPERITO FEZ-ME LEMBRAR DA COMUNIDADE NOVA VIDA DO PASTOR RENATO EM SALVADOR-BAHIA EM QUE ALGUMAS MINISTRAÇÕES DO GRUPO DE DANÇA,TAMBÉM ERAM DESCORDENADAS.

NAQUELA AFLIÇÃO DA ALMA O ESPIRITO ME DISSE:

" VOU TE REVELAR NOVOS PILARES DESSE MINISTÉRIO,E VOCÊ IRÁ REGISTRAR PARA QUE ESSE MINISTÉRIO TENHA O CONHECIMENTO,E QUE ISSO GERE O PONTO E O NÍVEL QUE EU QUERO PARA QUE ATRAVÉS DESSE MINISTÉRIO O PELOURINHO SEJA LIBERTO E QUE ALI SEJA UM FAROL ESPIRITUAL PARA O MUNDO "

O QUE VOU REGISTRAR AQUI PARECE SIMPLES,MAS É REVELADOR PARA ESSE MINISTÉRIO,PARA QUE ELE ATINJA O NÍVEL QUE O ESPIRITO QUER PARA QUE EXERÇA A FUNÇÃO QUE LHE FOI DESIGNADA NO ALCANCE DO MUNDO,ATRAVÉS DO MINISTÉRIO DOS " MOVIMENTOS ": DANÇAS.



      CAPÍTULO 3  DEFININDO O MINISTÉRIO DE DANÇA

                                       " A DANÇA,ASSIM COMO QUALQUER TIPO DE ARTE É UM PODEROSO MEIO,PELO QUAL DEUS FALA E AGE,SENDO QUE A PALAVRA ENCENADA(EXPRESSÃO CORPORAL)É RECEBIDA NÃO SOMENTE PELA AUDIÇÃO,TORNANDO-SE ASSIM UMA PODEROSA LINGUAGEM DE COMUNICAÇÃO"

Como já descrevemos acima,a DANÇA como toda ARTE é um meio de comunicação,logo,um meio que Deus usa para comunicar-se e agir,podendo ser captado, em sua encenação,não apenas pela audição.
Esse ministério esta atrelado ao Ministério da Música e não é uma exibição artística,ou um enfeite à liturgia,mas parte integrante do culto.

A medida que formos conversando,vamos definindo o que vem a ser esse ministério.Entre essas definições,gosto muito dessa : 



" Essência total de entrega,manifestado por uma espontaneidade responsiva,envolvendo o povo a ação de Deus" ( L.R.A.S.)

Esse DOM ou MINISTÉRIO é inerente a qualquer convertido e,não apenas a jovens ou mulheres.
Por ser uma linguagem de comunicação,qualquer um pode ser usado por Deus como instrumento.
Apesar do conhecimento ser importante,o Ministério de Dança é mais que ser um bailarino,e aí,chegamos a mais uma definição que gosto também : " Tem que ser uma dança do céu,com valores bíblicos,técnicas corporais e unção "( L.R.A.S.).
Isso irá exigir :

1. Oração
2.Santidade
3.Trabalho

Observação: Nos textos posteriores iremos falar sobre a oração e a santidade na dança,mas adiantamos que quando falamos de trabalho,frisamos:
* Execução de Movimentos
*Execução de ritmos
*Contato com formas e símbolos
*Ampliar para o novo e dança própria   


                  CAPÍTULO 4  PALAVRAS HEBRAICAS E GREGAS  (CONTEXTUALIZAÇÃO)

PALAVRAS HEBRÁICAS

1. CHAGAG = Dança ( I Samuel 30:16 )
                         * Amalequitas
                         * Não era uma dança religiosa

2. CHUWL = Dança ( Juizes 21:21-23 )
                         * Filhas de Siló
                         * Era uma dança secular

3. KARAR =  Dança ( II Samuel 6:14-16 )
                         * Davi
                         * Era uma dança religiosa
                         * Termo usado somente aqui
                         * Aconteceu fora do Templo

4. MACHOWAL = Dança ( Salmo 149:3,Salmo 150:4 )
                          * É o texto mais forte sobre esse ministério na Biblia.
                          * Mesma palavra usada em Jeremias 31.4
                          * Mesmo pensamento em Jeremias 31:13
                          * Em alguns textos a palavra é traduzida por "flautas"
                          *Textos : I Samuel 18:6 = Vitoria militar
                                         Êxodo 15:20 = Vitória militar
                                         Juízes 11:34 = Vitória militar
                                         I Samuel 18:6 = Vitória militar
                                         Êxodo 32:19 = Idolatria
                                         Juízes 21:2 = Folclore

5. RAQUAD = Dança
                         * I Crônicas 15:29  Filhos
                         * Jó 21:11 Sátiro que dança
                         * Isaías 13:21 Dança # Choro
                         * I Crônicas 15:29 Davi

PALAVRAS GREGAS

1.ORCHEOMAI= Dança
                          * Mateus 14:6 Herodias
                          * Mateus 11:17 Meninos
                          * " Movimentos Graduais "

2. CHOROS = Dança
                        * Lucas 15:25
                        * Retorno do filho pródigo
                        * Reunião familiar


                                                         CAPÍTULO 5   ESTILO DO MINISTÉRIO



Todas as referências( exceto Salomé ) a dança não tem caráter de " sedução "ou " lasciva ".
Solo somente Davi ( II Samuel 6:14 e II Crônicas 15:29 )
Os outros textos todos são  "expressões grupais " .
O estilo da dança é marcante por ser uma linguagem universal.
Comunica-se uma história através de movimentos dançados e pantomimas e, facilmente se vence a barreira da língua .
" UM GESTO FERE MAIS QUE A LINGUAGEM "
É básico " conhecer " o movimento que se faz e " transmitir " o que quero.Preciso pensar,fazer-se entender por movimentos coreografados ou dançados


                                                          CAPÍTULO 6 ESPECIFICANDO O MINISTÉRIO




Li muitos livros e artigos sobre os "PILARES" e ,praticamente tudo que li é em cima de 4 Pilares.
Cerca de mais de 10 anos,venho observando esse ministério em várias denominações,conversando com várias ministras e,depois de muita pesquisa,pude observar,que assim como em outros ministérios ha mais de 4 pilares,a dança também obedece esses critérios ou princípios ( Pilares).
Esses pilares que irei especificar,não tenho como mostrar cada um na Bíblia,são experiencias testemunhadas,ouvidas e,logo,plausíveis de oposições,debates....

1. BATALHA ESPIRITUAL

Apesar de muitas divergências teológicas,existe uma unanimidade de que mesmo sendo Deus soberano e na cruz satanás ter sido derrotado,há fatos que ainda não se concretizaram quanto a Igreja e a satanás... isso eu chamo de Batalha Espiritual ou seja uma batalha invisível no mundo espiritual.
Oséias afirma em seu livro que o povo perece por falta de conhecimento( 4:6 ).
A terminologia militar é vista por todo o Novo Testamento,por isso estratégias de guerra devem ser estabelecidas, pois ninguém vai a uma guerra sem saber os recursos que possui,e a dança é uma dessas estratégias e um desses recursos.e podemos dizer uma "estratégia",uma ciência que conduz operações militares.

A) AS ARMAS

Precisamos conhecer as armas desse exército,os procedimentos para ser admitido nesse exército,como é o seu treinamento,as linhas de batalha,o conhecimento do exército inimigo e seu território,suas estratégias e claro o Plano de Deus para cada batalha.

Mas tudo isso sem mobilização torna-se inútil,por isso temos que conhecer a mobilização ofensiva e defensiva e o uso dessas armas.

A mobilização efetiva acontece quando esse exército invade na zona de combate,dominar o inimigo e reclamar a posse do território.

É preciso conhecer a batalha na mente,contra a língua,sobre os muros espirituais,nos lugares celestiais e o território estratégico

Depois de algumas experiencias é necessário aprender treinamento avançado,pois a medida que se conquista territórios,essa guerra se torna mais aguerrida,por isso é necessário se conhecer áreas específicas,com missões especiais e mais difíceis.Essa área envolve conhecer hierarquias espirituais, como ministrar em prisioneiros,as baixas na guerra e como perder uma batalha mas vencer a guerra.

Creio que o ministério de dança é um dos recursos e estratégias mais eficientes para conduzir uma batalha espiritual.

Quando morei em Salvador(BA),frequentei a Comunidade Nova Vida do pastor Renato,e um dia percebi que algumas ministras da dança,estavam ministrando com movimentos rígidos,com fortes batidas de pé no altar e o rosto sisudo.Após o culto fui procurá-las e elas me falaram que faziam movimentos assim,pois estavam numa guerra espiritual.Naquele dia,pude discernir esse pilar da dança:A batalha espiritual.

Por algumas vezes,quando fui pregar em igrejas,Deus me levou a orar pelas ministras da dança,e por várias vezes ministrei "armas" a essas ministras...uma das armas que mais ministrei foi a espada,sendo que as vezes eram espada de prata ou de ouro,que simbolizam nobreza e realeza no ministério dessas ministras.

Um DVD do grupo musical Filhos do Homem,as ministras e ministros da dança,ministram não apenas com movimentos militares,como suas roupas são características de guerra( calças camufladas,coturnos,gandola camuflada,camisa,apito )e quando eles ministravam,muitas vidas foram libertas,já que era um acampamento para jovens não crentes.

Poderíamos falar especificamente desse pilar,mas queremos apenas dar rápidas pinceladas do mesmo.



2. CURA INTERIOR

Falar de "Cura Interior" é falar da alma,mesmo curados da culpa do  pecado,nossa alma fica com feridas,lembranças e traumas do tempo da vida de pecado,e assim não somos o que queríamos ser.
O Espirito Santo por ser o Espirito da Verdade revela o que está na nossa alma(João 8:32)
A alma é aquilo que o homem é: sua personalidade,seu ego:
MENTE: Sede da alma,intelecto,pensamento,raciocínio,memória
EMOÇÕES: Instrumento para expressar nossos sentimentos,gostos,simpatias,alegrias,tristezas etc...
VONTADE:Instrumento para tomar decisões,poder para escolher.

Para a alma ser santificada,essas áreas precisam ser curadas(ajustadas)e imprimido nelas o caráter de cristo,e essas feridas impedem esse processo,mesmo sendo salvos

Como Ezequiel a dança é ministra através de movimentos,esse pilar necessita de uso de melodias e letras em tons menores,assim como de instrumentos específicos como violino e piano e elementos( adereços).
É básico a harmonia dos movimentos,das vestes,cores,adereços com o pilar a ser ministrado.
Esse pilar presenciei em tres momentos  em ministrações na nossa Comunidade Fome e Sede:

1. Temos uma irmã que é muito usada nesse pilar...
    Lembro-me que uma vez,enquanto o apóstolo Sandro Murilo ministrava uma canção com melodia e letra de cura interior,essa irmã começou com movimentos,expressar a alma de algumas pessoas da Igreja ou da própria Igreja.
    Seus movimentos eram leves,suas expressões de dor,lágrimas saíam dos seus olhos e ela terminou a ministração como se fosse uma criança deitando em seu leito como que precisando de colo e amor...
    Algumas pessoas da Igreja choravam e foi ministrada uma palavra de cura.
    Conversando posteriormente com ela,ela me relatou que fez movimentos mostrando a situação da alma da Igreja.

2. Em um encontro do nosso ministério Fome e Sede,o pastor Cleif chamou-me para orar por um jovem que chorava copiosamente,enquanto isso era ministrada uma canção também de cura interior,e uma das ministras da dança aproximou-se com movimentos leves e colocou o seu manto sobre o rapaz.Ele deu um grito,um grito de libertação,levantou-se e começou a dançar em movimentos de curado...

3. Em um outro culto,também com canções de cura interior,as ministras sairam no meio da congregação e eu peguei o bálsamo e ungia em quem elas se aproximavam com movimentos de cura interior,e essas pessoas caíam em grande choro de cura.


3.PROFÉTICA

4.ADORAÇÃO

   A) JÚBILO
   B) LOUVOR
   C) CELEBRAÇÃO

5.CONHECIMENTO

6.SABEDORIA

7.UNÇÃO

  * ÓLEOS ( Mirra,Nardo,Bálsamo,Azeite,Aloés,Cinamono,Acácia....)

8. LIBERTAÇÃO

9. EDIFICAÇÃO

10. EVANGELISMO

11. RESTAURAÇÃO

12. EDIFICAÇÃO


quinta-feira, 29 de junho de 2017

DANÇA E COREOGRAFIA

A MÚSICA E A COREOGRAFIA


O SALMO 150 É UMA PROVA CABAL DE QUE NA LITURGIA DO CULTO A DANÇA É COMPLETAMENTE LEGAL E MESMO QUE ALGUNS,TRADUZAM O TEXTO COMO "CÉU" A BASE SE TORNA AINDA MAIS FORTE,POIS SE NO CÉU SE ADMITE A DANÇA,PORQUE NÃO ADMITI-LA NO TEMPLO?

PRECISAMOS LEVAR A ANÁLISE DO TEXTO AOS QUE NÃO TEM ACESSO Á UMA ANÁLISE MAIS PROFUNDA,POIS OS TEXTOS SÃO MANIPULADOS PARA CHEGAR Á UMA POSIÇÃO DOUTRINÁRIA QUE AGRADE A CERTOS GRUPOS.

A BÍBLIA TEM SIDO USADA COMO DESCULPA PARA CERTAS PROIBIÇÕES.

ACHA-SE BASE PARA A PROIBIÇÃO DA DANÇA,MAS NÃO ACHA PARA O TEATROS EM CANTATAS E  OU AS PALMAS,SENDO QUE É O MESMO VELHO TESTAMENTO A BASE PARA PALMAS E DANÇAS E NENHUMA PARA REPRESENTAÇÕES TEATRAIS.AS CANTATAS TEATRAIS SÃO ACEITAS E A DANÇA NÃO.

ISSO MOSTRA A INCOERÊNCIA E A FALTA DE LÓGICA.

FACILMENTE RECONHECEMOS QUANDO A PROIBIÇÃO É HUMANA,MESMO COM BASE BÍBLICA E NO MEIO DESSAS PROIBIÇÕES HA BRECHAS DE INCOERÊNCIA,CONTRADIÇÕES E DESCULPAS SIMPLISTAS PARA TEXTOS CLAROS.

UM PRESSUPOSTO ARGUMENTO HERMENÊUTICO DE QUE A BASE PARA A LITURGIA E O CULTO É SOMENTE O NOVO TESTAMENTO.

HÁ MUITA FALÁCIA EM PROIBIR O QUE DEUS PERMITIU TRANSGRIDE DA MESMA FORMA ENSINAR FAZER O QUE DEUS PROIBIU.

O SILÊNCIO BÍBLICO LEVA-NOS A SERMOS FLEXÍVEIS,PORÉM A PERMISSÃO BÍBLICA NOS LEVA AO INCENTIVO E A PROIBIÇÃO É ALGO GRAVE E DIGNO DE REJEIÇÃO.


1. A QUESTÃO HERMENÊUTICA



HÁ UM PRESSUPOSTO HERMENÊUTICO ERRÔNEO SOBRE  O ANÁLISE DO TEMA.

PALAVRAS DE UM TEÓLOGO

 " Vou começar admitindo, por um momento, que o Salmo 150 está falando do templo em Jerusalém e de danças durante o culto. A pergunta, que deveria ter sido feita desde o início, é se o culto cristão toma sua inspiração, gênese e formato do culto do Antigo Testamento. Para mim, a resposta é negativa, embora com qualificações



E AINDA:

Ao que tudo indica, os cristãos deram continuidade ao culto no Antigo Testamento apenas no que se refere aos princípios espirituais: a idéia de encontro com Deus, de adoração, de louvor, de solenidade, de alegria, de serviço espiritual como povo do Senhor... mas foram buscar nas sinagogas o formato para este culto mais simples e despojado. Nas sinagogas, instituição onde cresceram o Senhor Jesus e todos os apóstolos, havia leitura e pregação da Palavra, orações, cânticos e bênção

HÁ ALGUMAS DIFICULDADES NO TEXTO DESSE AMADO TEÓLOGO:

A BÍBLIA NÃO COLOCA MODELO OU FORMATO DO CULTO CRISTÃO.

. A IGREJA SE REUNIA NO TEMPLO DE HERODES(ATOS 2;46,3:1),EM CASAS ( ATOS 2:46,12:12,ROMANOS 16:5,15),EM CENÁCULOS ( ATOS 20:8) E EM SINAGOGAS( TIAGO 2:2) E ATÉ EM CATACUMBAS,LOGO AFIRMAR QUE O MODELO DE CULTO É A SINAGOGA NÃO SE SUSTENTA ALÉM DE SER PERIGOSO JÁ QUE AS SINAGOGAS TINHAM CERIMONIAIS.

JESUS DEIXOU CLARO QUE O FORMATO É QUANDO ESTIVEREM DOIS OU TRÊS ( MATEUS 18:20 ) E O CULTO NÃO SEGUIRIA MODELO NEM DE VELHO TESTAMENTO E NEM DE NOVO TESTAMENTO,POIS A IGREJA PRIMITIVA FAZIA CULTO EM VÁRIOS EM TIPOS VARIADOS DE LUGARES E OS APÓSTOLOS NUNCA EXIGIRAM NADA.

HÁ MAIS TEXTOS DE REUNIÕES E NO TEMPLO DE HERODES DO QUE EM SINAGOGAS.
SOMENTE UMA VEZ EM TIAGO E OS APÓSTOLOS NÃO FECHARAM QUESTAO DE MODELO OU FORMATO DE CULTO,MAS DEIXARAM PRINCÍPIOS QUE INCLUEM TANTO O VELHO COMO O NOVO TESTAMENTOS.PRECISAMOS ANALISAR TODA A PALAVRA E NÃO SOMENTE O NOVO TESTAMENTO ( 1 TIMÓTEO 3:16-17).DEUS É SENSÍVEL COM A VARIEDADE DE CULTURAS E SUAS PECULIARIDADES .

PAULO AO BUSCAR BASE PARA ORDEM NO CULTO BUSCA O VELHO TESTAMENTO( I CORÍNTIOS 14:2021) CITANDO ISAÍAS 28:11-12 E NO MESMO CAPÍTULO PAULO RECOMENDA USAR OS SALMOS (ψαλμος )  CUJO SIGNIFICADO  QUER DIZER TAMBÉM CÂNTICOS( 14:26 )

NESSA MESMA ÓTICA DE PRINCÍPIOS DO VELHO TESTAMENTO PARA O CULTO DO NOVO TESTAMENTO  PAULO FALA DA CEIA ( I CORÍNTIOS 10:17-21).

OS PRINCÍPIOS DEVEM SER BUSCADOS E ANALISADOS POR TODA A ESCRITURA,POIS ELA TODA É INSPIRADA.

SABEMOS QUE O NOVO TESTAMENTO DÁ BASE PARA QUE DETERMINADAS CERIMONIAS DO VELHO TESTAMENTO NÃO MAIS EXISTAM NO CULTO ( SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS ETC...)QUE SE CUMPRIRAM EM CRISTO OU ERA PARA A NAÇÃO DE ISRAEL,PORÉM CANTAR,BATER PALMA,DANÇAR O NOVO TESTAMENTO NÃO ENSINA QUE CESSOU AO CONTRÁRIO É INCENTIVADO.


O PROBLEMA HERMENÊUTICO AUMENTA QUANDO SE FAZ A DIFERENÇA ENTRE OS ELEMENTOS DO CULTO E AS CIRCUNSTANCIAS,ONDE OS QUE NÃO ACEITAM SÃO ARBITRÁRIOS E DIGNOS DE EXAMES.

NO SALMO 150 NÃO DISTINÇÃO ENTRE ELEMENTOS E CIRCUNSTANCIAS,MAS COLOCA TUDO COO FAZENDO PARTE DO CULTO.
NESTE SALMO OS INSTRUMENTOS E A DANÇA FAZEM PARTE DO LOUVOR A DEUS NO SANTUÁRIO....( O INSTRUMENTO MUSICAL,ASSIM COMO A VASILHA E O CÁLICE PASSAM A FAZER PARTE DO CULTO MESMO QUE EM ALGUNS NÃO TENHAM POIS NEM TODOS CELEBRAM A CEIA EM TODO CULTO,MAS DE ACORDO COM O QUE A NECESSIDADE EXIJA).
DA MESMA FORMA SE NÃO TIVER INSTRUMENTOS MUSICAIS O CULTO NÃO PERDE SUA ESSÊNCIA,MAS SE TIVER PASSA A FAZER PARTE DOS ELEMENTOS DO CULTO,LOGO SÃO ELEMENTOS DO CULTO ASSIM COMO A DANÇA.

QUANDO SE LOUVA A DEUS COM PALMAS,ESSAS PASSAM A FAZER PARTE DO CULTO,ASSIM COMO O MICROFONE,SE FOR PRECISO PASSA A FAZER PARTE ,POIS AS PESSOAS OUVEM MELHOR.

QUEM É QUE DIZ O QUE É ESSENCIAL OU NÃO NO CULTO?

SÓ PODE SER A PALAVRA DE DEUS E A PALAVRA DE DEUS NO SALMO 150 DIZ QUE INSTRUMENTOS E A DANÇA FAZEM PARTE.

EM 1 CORÍNTIOS 12:28 NÃO TEM COMO SEPARAR ELEMENTOS DE CIRCUNSTANCIAS .

O CULTO ERA BEM DIVERSIFICADO,CABENDO A CADA IGREJA COM BOM SENSO DE ACORDO COM A PALAVRA DE DEUS NA SINAGOGA,NO TEMPLO,NAS CASAS,NO CENÁCULO E ATE EM CATACUMBAS.

COMO AFIRMAR ALGUEM QUE OS PRINCÍPIOS DO SALMO 150 NÃO PODEM SER USADOS NA IGREJA CONTEMPORÂNEA?O MÍNIMO DE CONHECIMENTO DE HERMENÊUTICA MOSTRA O ABSURDO.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

O corpo na oração

O corpo na oração


Em um ambiente de fé, onde as pessoas oram, observam-se homens e mulheres se dirigirem à divindade, por meio de palavras, sussurradas ou mesmo colocadas aos berros.
O peso ou a leveza na voz dos suplicantes têm um corpo e, nessa manifestação de fé, é comum entre os hebreus ver pessoas que se prostram e colocam-se de joelhos, a fim de demonstrar respeito e fragilidade; elas também baixam a cabeça, fecham os olhos e levam as mãos ao rosto; em outro momento, podem elevar seus olhos aos céus, procurando perceber a presença divina; e, para terminar de compor esse quadro de louvação, os braços se estendem como se quisessem alcançar a imensidão celestial.
Vários salmos podem ser citados para dar exemplo:
os Salmos 68 e 95 apresentam uma procissão;
nos Salmos 5 e 95, os fiéis se prostram e, nesse último, também fazem genuflexão;
no Salmo 138, o corpo todo se coloca em direção ao Templo que ficava no Oriente.
Assim como as palavras, os gestos do suplicante são destinados ao Deus de Israel, tal como se presencia em uma conversação em que os participantes estejam frente a frente e que o falante direciona o seu corpo, a atenção e a tensão dos movimentos ao seu interlocutor.
Os gestos contribuem, portanto, para a criação do ambiente de oração, pois os pensamentos e as palavras ganham corpo, o que reforça a demonstração de fé.

O corpo é quem carrega essas emoções, e, ao ler o texto bíblico dos salmos, percebe-se que os salmistas buscam sempre cantar e colocar em evidência esse corpo cheio de vida.

" Andar, correr e saltar são ações compostas por movimentos classificados como naturais e que estão em atividades motoras corriqueiras do ser humano. Essas ações, em estados emocionais diversos, ganham diferentes intenções e intensidades de acordo com o sentimento envolvido na situação: correr para fugir de um cachorro feroz difere-se, em muito, da corrida até o encontro de alguém que há muito tempo não se vê "


Importância do corpo para a cultura judaica e a relevância dos gestos na comunidade judáica


A AÇÃO DO CORPO


Em seu artigo “Body Idioms and the Psalms”, Andy L. Warren-Rothlin fala sobre a pesquisa de Gillmayr-Bucher na qual se afirma que os termos referentes à imagem do corpo contribuem bastante para a o caráter vívido da linguagem do Livro dos Salmos. Para melhor visualizar essa importância, o autor expressa em números essa afirmação, ao contabilizar que, de todo o vocabulário dos salmos, 5,7% dos termos correspondem a partes do corpo humano, e essas palavras só não estão presentes em sete dos 150 poemas.

Silvia Schroer e Thomas Staubli discorrem sobre as pesquisas do campo linguístico acerca da noção hebraica do corpo que, segundo eles:

"   não apresenta um sistema derivado de princípios esotéricos, mas parte da observação do corpo e da experiência da vida e se deve a um sistema linguístico que não desenvolveu nenhum conceito abstrato, porém mostra claramente que tem sua origem na corporalidade concreta. "

O que é concreto relaciona-se sempre a algo a mais – com o órgão vem sinalizada também a sua capacidade de desempenhar uma ação. “Um pensamento estereométrico-sintético visualiza um membro do corpo juntamente com suas atividades e capacidades especiais e estas, por sua vez, são concebidas como características de todo homem.”74 Desse modo, além de carregarem significados relacionados, obviamente, a função que lhes é própria, esses termos relacionados ao corpo humano são responsáveis por diversas associações portadoras de valores semânticos culturalmente definidos, tais como:

a) Associação espacial -Coração, estômago, olho são relacionados ao centro; cabeça, ao que é elevado e o que está adiante; mão, lado; pés, para baixo.

b) Associação funcional -Mão pode significar ação, trabalho, posse; boca, discurso; olhos, visão.

c) Associação psicofísica -Coração relaciona-se ao pensar; ventre, à compaixão.


d) Associação supersticiosa - Mão direita representa o bem, a verdade, a justiça; já a esquerda representa o oposto

Assim, a relação entre concreto e abstrato dá-se da seguinte forma:


" O pensamento semítico não se direciona a formas, aparências ou perspectivas, mas sempre para a dýnamis, para o efeito que alguma coisa tem. Quando os israelitas pensavam na mão, no pé, no nariz etc., não se detinham em sua forma exterior, mas sim na ação, no poder que uma mão forte exercia; ou no pé, como gesto de opressão sobre o pescoço do inimigo, ou no fungar raivoso do nariz "

Essa concepção do corpo vale também ao conceito de nefesh, palavra que apresenta inúmeros significados e está relacionada ao que está vivo

" Concretamente relacionada com a garganta, portanto, nefesh não significa apenas o órgão da garganta visível, mas também a garganta audível, que chama, reclama ou grita, e a garganta ávida, insaciável, faminta e sedenta, devoradora ou ansiosa pelo ar. Em resumo: tudo o que entra e tudo o que sai da pessoa humana – ar, água, alimento, voz, fala – concentra-se no desfiladeiro da goela "

Segundo estudo de Hans Walter Wolff, essa palavra aparece 755 vezes no texto da Bíblia hebraica, e a Septuaginta traduz 600 vezes por psykhé. Wolff ainda aponta que a variedade de significado chamou a atenção dos antigos, porém, em estudos atuais, verifica-se que essa correspondência entre nefesh e psykhé no texto bíblico é menor do que se pensava. Contudo, segundo Schroer e Staubli, alguns estudiosos chegam até mesmo a pensar que a tradução bíblica da Bíblia hebraica para o grego não pressupõe os ensinamentos dos filósofos gregos sobre a alma. A psykhé estaria relacionada ao sentido de “sopro”, “força vital”, aproximando-se ainda mais do sentido de nefesh. Essa suposição, porém, não é comprovada.

O que vale ressaltar neste ponto é que a separação entre corpo e alma não cabe no texto da Bíblia hebraica. Interessa lembrar também que são várias e diversas as possibilidades de organizar mental e efetivamente o mundo, e, para o povo hebreu, o corpo é essencial, pois ele funciona como elemento mediador na expressão do Sagrado entre os indivíduos.Sendo assim, a língua hebraica realça essa característica, exprimindo a realidade dos falantes ao estar relacionada a seus pensamentos e a suas ideias. Ao estudar tais palavras, deve-se ter em vista que elas estão em um texto inserido em um contexto, que deve ser sempre citado de forma cuidadosa e situado tão frequentemente quanto possível.

A ação do homem atuante na sociedade tem relevância nos salmos, oração que parte da observação da realidade humana. Além de ser oração, os salmos são poesia, o que significa que, além de expressarem emoção e fé reafirmada pelo gesto, trazem também a poesia feita pelo corpo: a dança. A gestualidade associada à linguagem revela-se de três formas:

Redundante, com o gesto complementar à palavra

Precisa, quando dissipa ambiguidades.

Substituindo-a, quando o gesto é a própria informação, o não dito.

Nesse último grupo enquadra-se a dança, que “vem da necessidade de dizer o que as palavras não dizem.
É um meio eficiente de encontro consigo e com o próximo, com a criação e o criador. É uma forma de oração, um ritual social e sagrado”. “A dança expande, em sua plenitude, qualidades comuns a todos os gestos humanos.” Se o gesto reforça a oração feita pela palavra cantada, a dança é a própria oração."

"A oração é designada como a via de comunicação da alma humana com Deus. Injustamente, pois na oração tanto a alma quanto o corpo participam. Uma oração puramente espiritual é adequada aos anjos, mas não às pessoas, com sua natureza espírito-corporal. As formas corporais correspondentes às rezas interiores que pertencem à oração humana"

A dança é uma linguagem não verbal e simbólica: sua representação ultrapassa a experiência vivida, e sua execução não pode ser reduzida a palavras. A dança, como se vê, escapa das “amarras do verbo”, porém, tal como acontece ao signo verbal, ela é expressão de uma sociedade e, consequentemente, está imbuída de valores e crenças sociais. Isso faz com que a concepção de dança esteja associada à cultura de um povo e seja, portanto, variável. Lilian Wurzba, em seu artigo “A dança da alma”, esclarece que a dança se faz por meio do gesto, mas não é puramente gesto, tampouco conta uma história linear:

" Há muita confusão com relação ao que é a dança.Alguns concebem a dança como uma interpretação da música ; outros veem na pantomima a base da dança como se, por meio desta, um enredo fosse transmitido sem o uso da palavra, recorrendo-se a movimentos expressivos. Mas isso é mímica: movimentos que representam uma realidade conhecida, um gesto descritivo.. "

No contexto bíblico, por exemplo, a dança poderia, então, possuir grande valor espiritual, e assim, ao considerá-la simples gesto, esvazia-se seu conteúdo, uma vez que seus movimentos estão em um contexto mais amplo, contidos no rito, onde a ação é simbólica e possui qualidade de um conhecimento transcendente.Cabe ressaltar, no entanto, que essa caracterìstica de “dança espiritual”, em outra comunidade e em dada circunstância temporal, poderia não ser real ou relevante.

Cria-se, de fato, ao se iniciar um estudo, uma tensão entre o estudo do fenômeno da dança – dentro de suas próprias circunstâncias e conforme seus conceitos e atitudes – e de seu contexto mais amplo e imediato.86 Diante de diversas definições atribuídas à dança, Wurzba conclui que, uma vez que não se encontra compatibilidade entre as várias culturas, a influência de uma interpretação cultural deve ser retirada ao classificar esse fenômeno cinestésico que é a dança.

Sendo assim, a fim de se mostrar uma visão mais abrangente, de imediato será sugerida uma concepção geral da dança; na sequência, serão atribuídas suas classificações conforme sua manifestação em uma dada comunidade, ou seja, será analisada a dança inserida em um contexto, com uma função social determinada e, a partir disso, será estudado o fenômeno dentro de uma esfera específica, qual seja: a dança da comunidade judaica manifesta no texto bíblico.


 UM CONCEITO GERAL DE DANÇA


O movimento é o fundamento da dança, mas não a dança propriamente dita. Os gestos produzidos pelo corpo, ao estarem isolados, não passam de uma cena retirada do cotidiano. A dança escapa ao que é conhecido. Quando um grupo dança, o que se vê não são pessoas correndo desenfreadamente de um lado para o outro ou simplesmente saltando. Os movimentos da coreografia podem ser estes, correr e saltar, mas o processo envolve outros elementos constituintes, e é o que será demonstrado a seguir.

Além do movimento, são vários os fatores que se unem e fazem com que a ação seja classificada como “dançar”, e um deles é o ritmo, tanto para o movimento e também para o som, por meio da música. Este é um elemento essencial, mas também não é o bastante para se construir a dança.

Sabe-se que interpretar o ritmo sugerido pela música não é dança. E atividades cujos movimentos são simplesmente ritmados também podem tranquilamente não ser dançar.

Remar, por exemplo, é uma ação que exige um ritmo a fim de que ganhe forma e se concretize. Uma pessoa que se coloca a remar, rápida ou lentamente, em um rio de águas cristalinas, em direção ao pôr do sol, pode até sugerir uma forma poética, mas não significa, por isso, que ela esteja necessariamente dançando: o remador pode se dirigir a esse lugar para fazer uma ação cotidiana, ir à outra margem do rio ou navegar para simplesmente pensar na vida.

No exemplo anterior, ao ritmo e ao movimento, soma-se outro elemento, o espaço, o rio em que o remador conduz o seu barco – sim, uma pessoa pode propor se arriscar a dançar nesse espaço amplo e instável, considerando, respectivamente, a imensidão do rio e a fragilidade de um barco navegando em uma corrente de águas imprevisíveis. A luz avermelhada do pôr do sol ajuda a melhor compor o cenário, criando variações e efeitos adequados. Assim, o quadro construído pode ser imaginado como uma expressão poética – ou beirar à cômica, caso o barco vire acidentalmente, e a pessoa caia, sendo levada a completar a cena com outro repertório rítmico de ação, a nado –, mas isso é insuficiente para caracterizar essa cena como uma dança.

Até aqui, então, tem-se que movimento, ritmo e espaço, ao serem tomados de forma isolada e cotidianamente, são elementos insuficientes para a criação de uma dança, o que faz dar prosseguimento ao esforço para a elaboração de um conceito.

Em seu texto, Wurzba cita o estudioso Curt Sachs, o qual define a dança, em sua pesquisa, como “„mãe das artes‟, pois enquanto a música e a poesia têm existência no tempo, a pintura e a escultura existem no espaço, a dança se desenvolve no tempo e no espaço”.
O tempo e o espaço da dança não correspondem ao tempo real e ao espaço conhecido.
antes de ser uma expressão, a dança manifesta as experiências interiores do homem e, por meio de desenhos rítmicos do movimento, representa seu mundo visto, vivido ou imaginado. “O homem quando dança sai do tempo cotidiano para penetrar no vazio, onde não há tempo, bem como abandona o seu espaço para chegar no infinito.
“Dança” o movimento produzido em um tempo ritmado do corpo, executado em um espaço plástico, capaz de se modificar, de ser moldado –, com intenção artística ou como forma de expressão subjetiva ou dramática.
A dança espacializa o jogo proposto pelo corpo do ministro, que se torna canto de sua materialidade.

Essa união entre indivíduo e espaço estabelecida pela dança expande-se, levando o ministro  também a se relacionar com o outro, com o espectador, pois ela amplifica a “percepção calorosa de uma unanimidade possìvel”. A dança representa a junção entre os campos cinético, sensorial e linguístico, e a força de sua energia intensifica sua vivência.

O que encontramos na dança é uma união de seus elementos numa totalidade indescritível. O espaço, o tempo (o ritmo), os corpos em movimento, as luzes e os adereços, ou quaisquer outros elementos, embora presentes, parecem não mais existir, na medida em que dão lugar à dança. Uma dança é experienciada e reconhecida muito além de seus elementos constituintes. Toda dança nos remete a uma outra dimensão da existência, onde as condições espaciais e temporais adquirem novos significados.

Para a dança ser compreendida em sua totalidade é necessário, além de perceber o que é comum nessa atividade – os seus elementos constitutivos e a sua natureza, compartilhados em toda e qualquer dança –, estudá-la e compreendê-la em circunstâncias apropriadas, inserindo-a nos vários contextos existentes, considerando, por exemplo, o local e a situação artística e cultural, o que impulsiona, desse modo, o surgimento da noção de tipos de dança.

Por exemplo, uma distinção pode ser feita entre as danças tradicionais, que geralmente têm uma função cerimonial, comemorativa, são populares, ou seja, “do povo”, e tendem a perdurar, e as danças sociais que também são populares, mas estão mais preocupadas com o reforço de relações individuais e de grupo, são uma forma de entretenimento e estão sujeitas a rápidas mudanças na moda.

 A performance está intimamente relacionada ao percurso experienciado pelo indivíduo e pela comunidade. “Esse trânsito está fortalecido por um impulso de resistência à dissolução de componentes culturais e ideológicos que atuam como resíduos culturais que integram as pessoas a uma região, a uma paisagem, e que passam a ser pele, olhos, roupas, gestos, fala.

Esse desenvolvimento da dança, isto é, sua modificação segundo o contexto em que ocorre, será o tema abordado a seguir.
O foco será dado às categorias em que a dança hebraica, presente no texto bíblico, se insere, tendo como objetivo melhor caracterizá-la e, assim, situá-la na comunidade, no espaço em que ganha forma.


O MO(VI)MENTO DA DANÇA


A “dança é uma manifestação espontânea do ser humano”, “contemporânea da humanidade”, pensamento este apresentado por Wurzba .Apesar de ser delicado indicar com precisão o início da dança, pode-se dizer que ela está presente em épocas e culturas várias, desde as mais primitivas até nossos dias.

a dança como fruto da necessidade de expressão do homem, por ela estar relacionada ao que há de básico na natureza humana. “Assim, se a arquitetura veio da necessidade de morar, a dança, provavelmente, veio da necessidade de aplacar os deuses ou de exprimir a alegria por algo de bom concedido pelo destino.
Expressão do indizível, a dança sagrada permite que o ser humano transcenda.
O judaísmo traz essa noção de tempo, uma inovação para as religiões até então praticadas: o tempo tem um começo e um fim.104 Os hebreus recorrem ao deus supremo em situações extremamente críticas, de crises históricas em que a existência da comunidade se encontra em estado delicado. A manifestação do deus se dá em um tempo determinado, inserido na história, e essa história é festejada em celebrações que, além de banquetes e músicas, traziam lições acerca do passado na nação. “A história cantada e recitada nessas festas era a história de como Deus havia dado a terra a seu povo, terra cujos produtos eram consumidos e celebrados nas festas.”105 Nas festas de Israel o povo se reunia e certamente cantavam os salmos.
São três as grandes festas desse povo
.
Na primeira delas, a Páscoa, celebra-se a libertação proporcionada por Deus e comemora-se com alegria. Ela ocorria no 14º dia do primeiro mês e era seguida pela Festa dos Pães Asmos, que durava uma semana, com uma celebração especial no último dia.

Em outra festa, a Festa das Semanas ou das Primícias,

Mais tarde conhecida como Pentecostes, os primeiros 50 dias de colheita eram comemorados.

Já a Festa da Colheita celebrava o fim da colheita.

Ela se unia à Festa dos Tabernáculos, e ambas compunham uma grande comemoração. Essa festa relembrava a época em que os israelitas viveram em tendas, e eles, desse modo, deviam habitar, por uma semana, cabanas feitas de ramos de árvores.

A dança auxiliou o desenvolvimento humano de modo integral ao contribuir para a sociabilidade humana .
Cabe salientar a importância do termo “corpo”, indicando que no ritual a mente não é elemento predominante: o movimento é igualmente essencial. E é o corpo que localiza o homem de modo histórico e social. A festividade ajuda a manter passado, presente e futuro relacionados.

Ao conservarem vivências e seguirem um calendário preestabelecido – dando um ritmo ao tempo, com a reatualização e rememoração de eventos –, os ritos sacramentais e as festas convergem para o mesmo objetivo, o de manter a estabilidade humana.

O desenvolvimento da dança a conduz do templo aos palcos: da dança litúrgica, celebrada por sacerdotes; vai às aldeias, passando ao folclore que tem caráter popular; e segue para as festas, os salões. A dança sai daquilo que é ligado ao campo do sagrado e se apresenta em atos privados de significado religioso. No texto bíblico, é possível vislumbrar a presença da dança em ambientes festivos de caráter religioso assim como em festas familiares. Nessas ocasiões, o caráter luxuoso do ambiente é indicado, como no Salmo 44, em que se espera pela entrada da princesa no palácio real.

Em outras culturas, a dança também é apresentada a grandes públicos, no âmbito teatral. No entanto, na cultura judaica, não se vê esse movimento, tal como ocorre com os gregos: a dança executada em peças teatrais, os coros, desenvolveu técnicas gestuais precisas, gestos miméticos e movimentos significativos.

Única em seu contexto cronológico, [a dança hebraica] é praticada sem máscaras, indubitavelmente devido a interditos religiosos. Finalmente, apresenta um caráter absolutamente excepcional: suas formas e seu espírito – ela conservou sua função religiosa – não evoluíram: o povo hebreu é o único a não ter transformado sua dança em arte.










A Performance nos Salmos

A dança dos corpos




O foco desta postagem está em contemplar o corpo que é vida, destinado a comunicar e encontrar o divino, integrando-se com o sagrado. A tentativa foi a de ler o texto bíblico e, a partir da leitura dessa palavra materializada e transmitida pelo papel, entrever o corpo que nele se coloca: corpo que sofre, alegra-se, ora e dança. Essa dança encontra-se apagada, relegada ao segundo plano, em registros escritos. Ao direcionar luz a essas performances, remete-se a algo que vai além do que está registrado, escrito, indo ao encontro do que é da esfera corporal. Na Bíblia hebraica, a relação estabelecida entre Deus e a humanidade está em relevo, e o Livro dos Salmos, texto central deste estudo, é um dos instrumentos utilizados capaz de fortalecer esse laço, pois seus poemas tratam de uma oração de corpo inteiro – são poemas que se fazem canção, poesia e oração por meio da voz e da dança. Nesse Livro, o corpo é apresentado como elemento fundamental, que se insere em uma comunidade e está em relação com o outro e com o divino. Para isso, dez salmos são lidos e analisados a partir da dança, da tentativa de perceber ali performances de um corpo presente.

Do texto ao corpo: este foi o trajeto que se seguiu nesta postagem. O estabelecimento do texto bíblico e a elaboração de suas traduções foram feitos no Capítulo 1, passando pelo corpo nos Capítulos 2 e 3, em que se analisaram a dança e suas especificidades no contexto apresentado, na comunidade hebraica. A Bíblia é lida, por esse viés, sob a força e a forma do movimento: o movimento do texto, de uma língua a outra, e o movimento do corpo, do gesto à dança. O que se imprime no corpo do texto é passível de ser levado ao corpo, e ser um texto no corpo com a dança.

Como ler a Bíblia?
Como ler os salmos?

O estudo crítico da Bíblia pode ser feito de várias formas.
A crítica textual, por exemplo, examina cientificamente o texto bíblico, assim como a crítica histórica, busca “esclarecer” a origem desse texto: a primeira busca o texto primordial, ao passo que a última verifica a veracidade das afirmações ali colocadas.
Konings fala que “ciências auxiliares” – arqueologia, paleografia, filologia, geografia e até mesmo biologia, medicina – também entram em campo para detalhar ainda mais a análise.
Do ponto de vista teológico:
Ler a Bíblia é tornar-se judeu crente com Jesus, judeu crente; e, quanto ao Novo Testamento, judeu cristão da primeira hora, com os Apóstolos e Evangelistas que eram judeus cristãos da primeira hora. A gente se mete na carne dessas pessoas, se deixa contagiar por sua cultura, por sua maneira de perceber o mistério de Deus cujos pensamentos estão acima dos nossos como o céu acima da terra, Deus que é espírito (João 4,24)

Konings fala como homem de fé. Entretanto, e sem dúvida, há que se pensar que se pode ler a Bíblia sem um percurso da fé. Todavia essa polêmica é tema deste estudo. Para céticos e crentes, queremos pensar a Bíblia como poesia. Ao ler a Bíblia e estudá- la, deve-se buscar outros autores e, certamente, dialogar. O caminho é longo, amplo e, por várias vezes, são muitas as possibilidades que surgem adiante, bastante diversas entre si. E, bem observa Konings, essa “especialização” explica o porquê de a investigação bìblica ter se “tornado um templo inacessível para o comum dos mortais e, também, para muitos biblistas. É necessário confiar nas pesquisas dos outros.

Para esta postagem, busca-se o caminho contrário da dança de Salomé : o foco é o corpo que é vida, é organizado e contempla mais o movimento destinado a comunicar e encontrar o divino, integrando-se com o sagrado. Ampliou-se o quadro de análise da cena de uma festa da corte para a celebração de toda comunidade, em rituais. A tentativa que se fez nesta jornada foi a de ler, conhecer o texto bíblico e, a partir dessa leitura, a partir da palavra materializada e transmitida pelo papel, entrever o corpo que nele se coloca: corpo que sofre, alegra-se, ora e dança.

Devido a vários aspectos que serão abordados ao longo da dissertação, essa dança encontra-se apagada, relegada ao segundo plano, em registros escritos.
Ao direcionar  luz a essas performances, remete-se a algo que vai além do que está registrado, escrito, indo ao encontro do que é da esfera corporal.

Na Bíblia hebraica – para os cristãos, o Antigo Testamento –, a relação estabelecida entre Deus e a humanidade está em relevo, e o Livro dos Salmos, texto central deste estudo, é um dos instrumentos utilizados capaz de fortalecer esse laço, pois seus poemas são uma oração de corpo inteiro – são poemas que se fazem canção, poesia e oração por meio da voz e da dança. Nesse Livro, o corpo é apresentado como elemento fundamental, que se insere em uma comunidade e está em relação com o outro e com o divino. Os salmos são lidos e analisados a partir da dança, da tentativa de perceber ali performances de um corpo presente.


O estudo da Bíblia hebraica exige que se compreenda o modo como essa biblioteca, essa reunião de textos que é a Bìblia se constituiu.

No Capìtulo 1.

“A formação do corpo de texto bìblico”, busca-se, portanto, ver o processo de estabelecimento do texto, os caminhos tortuosos por que ele percorreu: a produção e transmissão da Bíblia hebraica, da tradução grega, a Septuaginta, e também do Livro dos Salmos, que permanecem sendo uma fonte preciosa para judeus, cristãos e comunidades de quaisquer outras religiões. É necessário entender o percurso do texto bíblico e a multiplicidade de sua formação, além de seu contexto.

No Capìtulo 2.

“O corpo na oração: do gesto à dança”, é feito o desenho do corpo no texto bíblico e a importância da dança na Bíblia, da palavra ao gesto, do gesto à dança. A relação estabelecida pelo indivíduo no espaço e no tempo da dança é colocada em destaque e caracterizada. Aqui, a dança é entendida como a própria oração, situação extraordinária em que o ministro se encontra, estabelecendo um encontro entre a comunidade e a esfera do divino, e, assim, tempo e espaço se sacralizam. Entre os episódios que levam à dança, um deles é a dança em redor da arca da aliança, cujo protagonista é Davi, o rei a quem se atribui a autoria do Livro dos Salmos.


No Capìtulo 3.

“A dança nos salmos: ensaios para as performances”, faz-se uma tentativa de entrever danças realizadas nos salmos e, por meio deles, a voz do intérprete fala de um corpo dançarino ou o movimento dessa voz, o canto, conduz à poesia do corpo inteiro, a dança. Analisam-se dez textos – 25, 29, 41-42, 44, 67, 80, 86, 117, 149 e 150 –, nos quais a dança aparece de forma significativa, mostrando o caráter performático de parte desses salmos. Buscou-se ressaltar que o canto, os textos dos Salmos são lidos e ouvidos, mas também podem conter o movimento e ser apreendidos com o olhar: além de gestos, há adereços, figurinos, disposição espacial, enfim, a criação de um ambiente propício para o dançar. Assim, deixa-se o convite para ler o texto bíblico sob a força e a forma do movimento: o movimento do texto, de uma língua a outra, e o movimento do corpo, do gesto à dança.


                                                                    CAPÍTULO 1


A FORMAÇÃO DO CORPO DE TEXTO BÍBLICO


A produção e transmissão da Bíblia hebraica, da tradução grega, a Septuaginta, e também do Livro dos Salmos, coleção em que se encerram os textos objeto de estudo desta postagem, aqueles em que a dança se apresenta.
Vislumbrar o percurso do texto bíblico e sua multiplicidade,

Não se sabe, de fato, a origem do texto hebraico. Simian-Yofre7 aponta quatro teorias, contraditórias entre si, que buscam esclarecer alguns pontos dessa questão. A primeira delas, proposta por P.A. de Lagarde, é denominada “teoria do texto único original”. Como o próprio nome sugere, haveria um texto-fonte e dele surgiriam todas as outras variantes. P. Kahle, autor da segunda teoria, defende que diversos textos populares foram produzidos em localidades várias, e posteriormente ocorre a unificação de todos eles. A terceira proposta, de W.F. Albright e F.M. Cross, propõe a existência de “textos locais”, seriam eles: o massorético, desenvolvido na Babilônia; o Pentateuco Samaritano, escrito na Palestina; e ao Egito coube a produção da Septuaginta. A quarta e última teoria exposta por Simian-Yofre é a de S. Talmon, que propõe que, apesar de circularem múltiplas formas de texto, aqueles próprios a determinada comunidade sociorreligiosa foram os únicos conservados.

A primeira fase da história do texto bíblico é a da composição literária desse material. O resultado dessa produção, comumente atestado pela verificação de textos originais e autógrafos – testemunhos diretos dessa primeira fase de construção do texto bíblico –, perdeu-se há muitos séculos e não se encontra disponibilizado até o momento; essa ponderação é necessária, visto que ocorrem descobertas nesse campo, e estudos recentes têm sido elaborados

Sendo assim, o que resta é recorrer à análise das transformações sofridas pelo material publicado e editado em diferentes épocas. No período que abrange os séculos III a.C. a I d.C., modificações realizadas nos textos bíblicos são procedimentos comuns. É a época em que ocorrem as chamadas “correções dos escribas”, por meio das quais instâncias autorizadas em uma comunidade religiosa tinham o poder de publicar uma nova edição de um livro canônico devido a circunstâncias que pediam adaptações do texto bíblico utilizado até então.

Após essa fase de constantes intervenções editoriais, por volta do fim do século I d.C., um texto hebraico consonântico particular assume papel central e normativo para o judaísmo, ao ser adotado como único texto autorizado da Bíblia hebraica na comunidade judaica, com exceção da comunidade samaritana, que rompera com o mundo judaico, no século IV a.C. É o texto protomassorético, que remonta a um manuscrito individual de qualidade excelente,10 fato este que pode ser verificado ao se fazer uma análise das particularidades ortográficas, bem como dos erros materiais do escriba, fielmente reproduzidos em descendentes desse arquétipo. Essa forma foi aceita pelos massoretas – nome derivado provavelmente da palavra hebraica masorah, que significa “tradição” –, os quais trabalharam sobre ela.

Quando o hebraico se transforma em uma língua de cultura, estando presente na forma escrita e em atos litúrgicos, as matres lectionis – “mães da leitura”, letras consonantais que funcionam numa função complementar, como sinais de vogais especiais11 – já não eram suficientes para a preservação de uma pronúncia adequada, o que levou os estudiosos a lançarem mão de outros instrumentos. Entre os séculos VI e X d.C., os massoretas foram os responsáveis por desempenhar a tarefa de elaborar um conjunto de medidas que, no próprio corpo de texto, diferenciasse o sistema de vocalização com o auxílio de sinais diacríticos. Provenientes quase sempre da mesma família, trabalhavam nos grandes centros do judaísmo, na Babilônia e na Palestina. Tais estudiosos desenvolviam dois tipos de trabalho textuais: inseriam os sinais vocálicos no texto e indicavam particularidades sobre as palavras e frases. O conjunto dessas observações, a massorá, achava-se nas margens dos manuscritos ou em listas no fim do texto bíblico. Assim, surge o Texto Massorético, o qual comporta consoantes, sinais de pontuação e de cantilação (acentos), vogais, divisões em alíneas, seções e livros, além de notas textuais resumidas (“pequena massorá”) ou em forma detalhada (“grande massorá”). O desenvolvimento de tais notas indica a formação de uma “crìtica textual” sistemática, a serviço de uma estabilidade máxima do texto bíblico considerado correto,no intuito de assegurar aos leitores uma grande precisão. Representa, portanto, um extremo esforço filológico e editorial. Outro testemunho direto do texto bíblico pertence à comunidade samaritana e foi conservado por ela: o Pentateuco Samaritano, um texto de tipo consonântico que apresentava uma grafia arcaica do hebraico e circulava na mesma época do texto protomassorético. Ao compará-lo ao Texto Massorético, notam-se diferenças referentes à ordem cultual e ideológica. Além disso, em aproximadamente 1.600 passagens, o Pentateuco Samaritano e a Septuaginta divergem do massorético.

A partir da descoberta feita entre 1947 e 1956, de 800 manuscritos bíblicos em 11 grutas de Qumrã, localizada na margem noroeste do Mar Morto, a perspectiva se inverte, e o grego deixa de ser apenas um auxiliar para o conhecimento do hebraico. Antes desse acontecimento, os manuscritos bíblicos mais antigos datavam do século V d.C. Grande quantidade de textos de Qumrã é provavelmente do século I a.C., e alguns deles são de até III a.C. Dali por diante, o hebraico permite, às vezes, compreender melhor a obra dos tradutores e revisores da Septuaginta. Desse modo, tal descoberta resolve um enigma: o grego, quando se afasta do Texto Massorético, simplesmente não inventa. Apesar disso, os manuscritos encontrados não revelaram o tipo textual sobre o qual se apoia a tradução grega.

Ao analisar a história do texto da Bíblia hebraica, indicam-se, portanto, quatro textos diversos: o protomassorético, o Pentateuco Samaritano, as várias formas encontradas entre os documentos do mar Morto e a Septuaginta, tradução grega feita em torno dos séculos III a II a.C., que leva a supor uma base divergente daquela utilizada para o Texto Massorético. Entre os testemunhos indiretos, há, por exemplo, traduções feitas do século II ao VII d.C.: os targumim, tradução aramaica baseada no Texto Massorético que remonta ao século II d.C.; os textos gregos de Áquila, Símaco e Teodocião; a Vulgata, versão latina de São Jerônimo, do século IV d.C.; além de revisões feitas na tradução grega que a aproximam do Texto Massorético.

“Uma vez que se trata de uma história manuscrita, ou seja, de textos escritos a mão, é preciso ter presente a possibilidade de erros introduzidos ali.
Especificamente sobre a Septuaginta, sabe-se que a transmissão emaranhada de seu texto deve-se em parte à constante preocupação dos tradutores por seu “melhoramento” com a ajuda da Bíblia hebraica. Os tradutores foram muitos: pode haver mais de um livro traduzido pelo mesmo tradutor ou mais de um tradutor dentro de um mesmo livro. Da tradução dos Salmos, por exemplo, só se pode afirmar que é proveniente de um mesmo grupo de tradutores, mas a origem da tradução permanece incerta.16 As hipóteses, porém, são objeto de debate entre os especialistas e constantemente superadas por novos estudos.

A pluralidade de formas textuais bíblicas, na verdade, não é um feito somente de copistas ou de tradutores, mas corresponde principalmente à base hebraica, a qual esses profissionais do texto tinham sob os olhos e com o que trabalhavam. 17 Deve-se ter em vista que essa diversidade se encontra de início nos manuscritos hebraicos conservados pela biblioteca de Qumrã. 18 Até a formação de um texto hebraico padrão no século II d.C., ou seja, até o texto protomassorético – portanto, até vários séculos depois da tradução realizada em Alexandria –, não se encontravam em uma forma amplamente unificada e consolidada as distintas partes da Bíblia hebraica, não havia um material que pudesse ser utilizado como obra de referência. Sendo assim, em nenhum momento da história, escribas e tradutores dos livros da Bíblia hebraica tiveram à sua disposição “uma forma „original‟ distinguível que representasse o produto acabado de uma redação final e que, ao mesmo tempo, ainda não estivesse modificada (de modo deliberado ou não) pela copiagem”.

Assim, reiterando, as histórias de formação do texto bíblico se sobrepõem e se confundem, e a possibilidade de se reconstruir literalmente um “texto original” da  Bíblia faz-se inexistente. Perdidas as origens, a ideia de exatidão torna-se ainda mais distante ao se pensar que os textos considerados canônicos em uma determinada comunidade possuem certa fluidez, na medida em que podem apresentar modificações realizadas por uma instância autorizada. Como se mencionou anteriormente, a comunidade judaica vivia, entre os séculos III e I a.C., as chamadas “correções dos escribas”

Também são provas da maleabilidade do texto as constantes revisões e recensões, ocorridas do século II ao século IV d.C., para que o material, modificado de forma consciente e sistemática, se adequasse a princípios precisos, de acordo com uma finalidade desejada. Nas revisões, realizadas por judeus letrados, o grego da Septuaginta era adequado de forma a suprimir inexatidões ou adaptá-lo à evolução do texto hebraico. Sob esses dois aspectos, eles enriqueceram e transformaram a tradição textual. Os revisores mais conhecidos são Áquila, Símaco e Teodocião. Já as recensões, feitas por cristãos, foram responsáveis por apresentarem escolhas editoriais: diante da diversidade dos dados manuscritos, fez-se um esforço a fim de se estabelecer um bom texto e, para isso, os profissionais retêm para cada livro os exemplares considerados “autênticos”. As mais importantes são as edições de Orígenes e de Luciano

A mais antiga tradução da Bíblia é testemunha textual preciosa devido à sua Antiguidade e por ter percorrido uma história textual complexa, que deve ser considerada em sua utilização. A Septuaginta não se baseia no Texto Massorético; ao contrário, sua fonte hebraica é muito diferente. Outro ponto que atesta a importância dessa tradução grega na Antiguidade é o fato de ela ter sido referência para a maioria das versões antigas da Bíblia, e não do texto hebraico.

A relação existente entre esses textos e a sua disposição ao longo do tempo podem ser conferidas no diagrama a seguir, que visa demonstrar a multiplicidade de caminhos percorridos pelas palavras escritas. Do lado direito, registra-se a data de elaboração.


ABORDANDO  A SEPTUAGINTA


Por volta dos séculos II a IV a.C., sábios eruditos judeus são convocados pelo rei Ptolomeu II Filadelfo para realizar um grande empreendimento tradutório: transpor a Bíblia hebraica para a língua grega. Esta é a base da lenda que envolve a Septuaginta, cujo nome faz menção a seu surgimento: seis homens de cada tribo de Israel, ou seja, 72 tradutores, se incumbiram dessa imensa tarefa.

Desse modo, nesse sentido original, pode-se considerar como “Septuaginta” somente o que se produziu em Alexandria, durante a diáspora, ou seja, só o que corresponde à mais antiga tradução dos cinco primeiros livros de Moisés, a Torá. Posteriormente, no cristianismo primitivo, o termo se estendeu aos demais livros, os Profetas e os Escritos, passando o numeral grego a contar todo conjunto da Bíblia hebraica, assim como também às diversas adições a Ester, Salmos, Jeremias e Daniel – livros deuterocanônicos (ou apócrifos), que eram permitidos para o uso eclesial, e que foram, mais tarde, admitidos no cânon da Igreja católica e só existiam em grego, ou eram traduções gregas de livros hebraicos ou aramaicos que o cânon judeu não reteve. 22 A última acepção mais ampla do termo “Septuaginta” é a que se mantém na atualidade.

A tradução da Torá ao grego foi um fenômeno único e teve um impacto cultural sem precedentes na história da tradução. “As escrituras foram os únicos escritos religiosos da Antiguidade que tiveram o privilégio de serem vertidos para a língua de Homero.”25 Se, por um lado, os tradutores dão mostras de um conhecimento das línguas grega e hebraica, à sua volta o esquecimento do hebraico abrange grande parte da população. Nesse tempo em que se produzia o texto da Septuaginta, hebraico (evoluindo para o hebraico mishnaico), aramaico e grego coexistiam, com predominância, porém, desse último, bem comum às diversas comunidades judaicas, condição esta que se manteria por vários séculos.26 Sendo assim, a expansão do helenismo e o prestígio grego da koiné como língua franca e literária são elementos importantes para que a tradução do texto bíblico ocorresse. Devido às necessidades litúrgicas e pedagógicas da comunidade judaica de Alexandria, a qual desconhecia o hebraico naquele momento, era imprescindível a elaboração de uma tradução.

O texto bíblico grego é tido como um dos documentos literários mais relevantes para se compreender a vida religiosa, intelectual e política diversificada e em constante desenvolvimento do judaísmo antigo na pátria palestina e na diáspora ocidental ao mesmo tempo que proporciona informações sobre a formação e o desenvolvimento da fé cristã.

Nas coletâneas judaicas das Sagradas Escrituras hebraicas, os livros são estruturados de modo a explicitar o desenvolvimento de seu significado assim como o período da conclusão da coletânea parcial no judaísmo antigo, orientando-se, portanto, pela cronologia do tempo narrado e pelas necessidades práticas, isto é, o aproveitamento máximo dos rolos. A sequência Torá-Profetas-Escritos estabeleceu-se muito cedo, apesar de a ordenação detalhada dos distintos livros bíblicos frequentemente não ser considerada normativa pelos copistas judeus, especialmente nos Escritos, cujas divisões do texto em parágrafos, seções e livros remontam a ciclos litúrgicos de leitura e recorte em perícopes que correspondem ao ofício da sinagoga. Os manuscritos do Mar Morto, a Septuaginta e o Texto Massorético atestam vários sistemas de divisão.

É possível que o abandono gradual da Septuaginta por parte dos judeus contribuiu para a fixação do cânone no fim do século I d.C., o qual excluía obviamente vários livros da Bíblia grega. Na Igreja antiga, a Septuaginta torna-se o Antigo Testamento cristão, notadamente mais extenso que a Bíblia judaica, o que é considerado por grande parte dos professores eclesiásticos maior variedade textual, não sendo entendido como um critério essencial da distinção avaliativa dos escritos bíblicos, ao se classificarem os livros como “prioritários” e “secundários”

O cânone hebraico se encontra no cânone grego, que apresenta textos suplementares, que são frequentemente designados como “deuterocanônicos”. Além disso, a disposição dos livros e dos conjuntos de livros não é correspondente nos dois cânones, sendo que a diferença se apresenta nos Escritos, que foram separados em duas partes – os Livros históricos e os Profetas –, e a coletânea dos Profetas foi colocada no fim do livro.

Essa mudança nos livros, que significou divergência entre Bíblia hebraica e grega.

O cristianismo adotou a Septuaginta e a interpretou autonomamente, relacionando-a à vinda do Cristo, o que leva o judaísmo a delimitar o texto, por meio de novas traduções gregas e amplas recensões – processos indicados na seção anterior –, e reconduzi-lo à tradição hebraica, considerada a única autêntica.

 O LIVRO DOS SALMOS


O estudo do Livro dos Salmos parte do princípio de ser esta uma antologia em que a dança está presente de modo significativo.
Como os demais livros da Bíblia, os salmos brotaram dos sofrimentos e das emoções das pessoas, o que evidencia que, assim como o caráter de elevação espiritual, é importante ter em conta o momento de produção salmística, pois esse tipo de manifestação é a forma que Israel encontrou para expressar sua fé e o confronto com os problemas mais ordinários do dia a dia.
Um dos temas mais importantes na Bíblia hebraica é a relação estabelecida entre Deus e a humanidade, laço este que se estreita também por meio dos salmos, oração de corpo inteiro, do indivíduo e da comunidade.
a dança faz parte dessa manifestação do povo de Israel, no intuito de estabelecer a comunicação com Deus, louvando-o com júbilo.

Até hoje, os salmos permanecem fonte inesgotável para judeus, cristãos e comunidades de quaisquer outras religiões, pois eles alimentam vidas e amparam mortes ao exprimirem a caminhada de um povo em oração. “Os salmos continuam sendo preces e continuam sendo poesias. Isso lhes confere passaporte universal, porque podem ser compreendidos por todas as pessoas. Quanto mais se mergulha em seu sentido poético, mais se compreende a sua riqueza orante.


Na Bíblia hebraica, encontram-se os louvores, t e hillîm ou Sefer t e hillîm: “T e hillîm é plural irregular de t e hillâ, feminino, de onde se deveria esperar antes t e hillot. O sentido de t e hillâ é canto de louvor ou hino.”
Na Septuaginta, lê-se psalmós, que se refere ao ato de fazer vibrar as cordas de um arco, as cordas de um instrumento musical, e indica cada composição da coletânea.
Já na versão latina, “saltério” remete ao termo grego psaltério, instrumento de cordas, um tipo de harpa, que passa a indicar os salmos que desse modo eram acompanhados.
Essas palavras do campo semântico musical se fazem canção, poesia e oração, e originam os salmos bíblicos, que nascem partindo da observação da realidade, da expressão de emoção e de fé, tudo isso misturado num poema.

Os textos bíblicos em geral, e os salmos em particular, são testemunhos que comunicam a experiência religiosa fundante .

Os salmos refletem os acontecimentos da história, o progresso da revelação e da fé de Israel, portanto, são memória viva de um diálogo milenar entre Deus e seu povo: com eles os orantes se rejubilam, se entristecem, relembram as promessas antigas e alimentam suas esperanças. A história do povo de Israel, com êxitos e catástrofes, vira, assim, oração que se faz pela abordagem dos salmistas, que sempre buscam enxergar as realidades da vida na perspectiva divina. A partir da intervenção de Deus na história, os israelitas sentem-se envolvidos no plano de salvação. É na oração que eles lembram a Deus o compromisso assumido por Ele e desenvolvem uma consciência de pertença a Seu povo, reforçando a fé e a certeza de que a Aliança não deve ser esquecida.

O século II a.C. apresenta os salmos como fazendo parte da terceira coleção – os ketubim, os Escritos – deliberadamente concebida como uma antologia dos gêneros literários presentes em textos da comunidade judaica, ao selecionar o que essa literatura tinha de mais notável, pretendendo, definitivamente, ser a literatura judaica por excelência. Apesar de a classificação dos livros poéticos abarcar apenas três livros – a saber, os Salmos, Cântico dos Cânticos e Lamentações –, o texto bíblico é repleto de manifestações poéticas. Desse modo, apesar de trazerem elementos de poesia, os livros que não são considerados poéticos estão em função de outros objetivos e gêneros, tais como proféticos e sapienciais.

A história da formação do Livro dos Salmos reflete e refere-se aos sucessivos momentos da história do povo de Israel. A memória dessa experiência é transformada em oração. Apesar de o livro ter sido elaborado por volta do século III a.C., a criação dos salmos, no entanto, não é concomitante, pois muitos são bastante anteriores, dos períodos monárquicos, do exílio e do pós-exílio da história de Israel. Alguns salmos podem até ser anteriores à monarquia.48 Segundo Tilly, “estudiosos concordam em afirmar que os cânticos hinos e súplicas contidos nos salmos surgiram, foram retomados, relidos e até refeitos ao longo de um milênio, da época de Davi até o tempo dos macabeus”. 49 Porém, mesmo com essa concordância geral a respeito da formação do livro, não há unanimidade sobre a datação de cada salmo, quando tomado separadamente. Mesmo tendo essa relação com a história de Israel, os salmos, para todos os efeitos práticos, não podem ser datados, nem sequer aproximadamente nem pelo seu conteúdo, nem ainda pela sua linguagem e estilo poéticos. Momigliano aponta que “o manuscrito de salmos do Qumrã demonstrou que no século II ou mesmo no século I a.C. a coleção dos salmos ainda estava aberta a modificações”

“Assim como Moisés deu cinco livros de leis a Israel, assim Davi deu cinco livros de salmos a Israel”: é dessa forma que um comentário rabínico evoca a estrutura do Livro dos Salmos, o que evidencia a intenção de transformá-lo em uma “Torá de Davi”, por assim dizer, indicando a orientação do Livro dos Salmos pela Torá, modelo de texto canônico e litúrgico.

A suposta datação de alguns salmos remetentes ao tempo de Davi e as referências feitas a ele, no texto bíblico, como “o favorito dos cantores de Israel” (2Sm 23,2) elevam-no à categoria de patrono dos salmistas, levando, consequentemente, a uma “davidização” da tradição sálmica. Repetidas vezes, Davi é apresentado como músico, hábil tocador de cítara (1Sm 16, 16.23; 18,10; 19,9).

 Muitos salmos, portanto, fazem menção a Davi e também se referem a outros levitas e cantores do templo, como os filhos de Core e Asaf. Essas indicações, além de tentarem desvendar a autoria dos salmos, nos mostram que o livro pode mais ser comparado com nossos livros de cânticos nas igrejas do que com uma coletânea de orações individuais.

Uma questão que se coloca ao falar da composição dos salmos é a respeito dos cultos em Israel da Bíblia hebraica, os quais se classificavam em dois tipos: um deles era vivido nas pequenas aldeias do interior e nos santuários locais, caracterizado como doméstico e familiar, sendo mais ligado às tradições cananeias da sua cultura;
Já o segundo tipo era o culto oficial no Templo de Jerusalém, dirigido pelos sacerdotes e levitas, mais ligado aos sacrifícios de animais e que, nas festas e grandes acontecimentos do ano, reunia todo o povo.
Os salmos individuais nasceram, portanto, ligados aos santuários do culto caseiro e de interior, enquanto os de louvor coletivo vêm do templo.
Sigmund Mowinckel defendia o princípio de que o culto era o ato criador dos salmos.
Contra alguns que sustentavam serem os salmos expressões da oração individual, ele contestava uma religião interior sem culto.
De fato, a cultura judaica é essencialmente comunitária e prática, e não tanto mística e interiorizada. Alguns cânticos do Templo de Jerusalém compõem o Livro dos Salmos, como as “liturgias de entrada no santuário” (Sl 15) ou as “orações de ação de graças” (Sl 22) que serviam de modelo nas festas familiares no Templo (Dt 12:7)

 
É provável que a unidade de um ou outro salmo seja igualmente constituída por sua orientação sobre um desenvolvimento litúrgico. Entretanto, contrariamente aos critérios evidentes de uma estrutura “formal” ou “histórica”, a identificação dos elementos litúrgicos e de seu encadeamento em um salmo continua relativamente hipotética, uma vez que os textos bíblicos quase não fornecem informações precisas sobre a liturgia do culto no Israel monárquico e nas sinagogas pós-exílicas


Também não se sabe exatamente como os salmos eram usados nos cultos cristãos dos primeiros séculos, dado que não há indicações de rituais ou de esquemas litúrgicos que indiquem a sua prática em curso. Há indícios, no entanto, de que os cristãos continuaram com o costume da piedade judaica de orar, ao menos três vezes por dia.
A oração contida nos salmos, como será demonstrada adiante, poderá ser também relacionada ao que é material e exterior: ao corpo, ao movimento, à dança contida no rito, definido por Aldo Natale Terrin como momento-espetáculo que apresenta a vivência imediatamente real.
No Livro dos Salmos, de acordo com Arthur Weiser, há “numerosos fragmentos da liturgia do culto e alusões a procedimentos cúlticos”. E, apesar de essas informações não permitirem que se reconstruam os detalhes da sequência da festa, elas trazem à tona elementos essenciais da tradição do culto, da festa, que é, para o autor, o contexto vital da maioria dos salmos e dos seus gêneros literários, o que de fato confere ao Livro a viva unidade interior.

Nas orações comunitárias, provavelmente, o canto dos salmos tinha um papel importante, uma vez que, dentre os livros da Bíblia hebraica, o Livro dos Salmos, juntamente com o de Isaías, é o mais citado em todos os textos neotestamentários.

A recitação dos salmos tinha uma dimensão mística e criativa. O momento de rezá-los não se configurava somente em recitar as orações que outros tinham feito de forma mecânica, inconsciente, mas também para que cada pessoa vivenciasse sua própria união com Deus. O ideal era que se aprendesse a rezar o salmo de tal maneira a fim de que se despertasse a vontade de formular seu próprio salmo. Jesus aprendeu a lição dos salmos, chegou a fazer sua própria oração e a ensinou aos apóstolos, que o transmitiram para nós: o Pai-Nosso.

Composto por 150 salmos, as cinco seções se dividem do seguinte modo, considerando-se a numeração do texto hebraico, o Massorético: a primeira vai do número 1 ao 41; a segunda, composta pelo 42 ao 72; 73 a 89 fazem parte da terceira; 90 a 106, da quarta; e, finalizando, os salmos 107 a 150 são componentes da quinta seção. Divide-se dessa forma partindo da observação da semelhança entre as doxologias que encerram os salmos.

De acordo com análise de Martin Rose, “os responsáveis por essa estruturação esforçaram-se para colocar as cesuras em dados literários evidentes”. Assim, o primeiro livro encerra a primeira coleção davídica; o segundo coincide com o fim das “Orações de Davi”; o conteúdo destoante do Salmo 89, que encerra o trecho messiânico, faz com que ele seja o último do terceiro livro; os salmos que constituem a quarta parte são relacionados ao Salmo de Moisés e os Salmos do Reino; já a última parte não tem uma doxologia análoga às demais, o que faz Rose acreditar que toda ela encerra o Livro dos Salmos.

O livro bíblico dos Salmos não é um escrito contínuo apresentado em 150 capítulos, mas claramente de uma coletânea que reúne numerosas pequenas unidades literárias que, apesar de todas as “contextualizações” secundárias, sempre conservaram sua “individualidade” particular. A profunda diversidade que caracteriza a origem desses textos poéticos e da sua função primitiva está além da unificação proposta aos Salmos, que, tendo em vista seu longo processo de construção, se considera como um aspecto secundário e tardio.
A numeração do Livro dos Salmos da Bíblia hebraica diverge daquela presente na Septuaginta. Logo de início, verifica-se que a Bíblia grega compreende um salmo suplementar, o salmo 151

Além disso, do salmo 9 ao 147, a numeração da Septuaginta difere da do Texto Massorético, sendo que a do grego é em geral inferior em uma unidade à do hebraico massorético. Talvez a numeração do grego seja original, por unir os salmos 9 e 10 (LXX 9), que constituem um só poema em forma de acróstico. Vários manuscritos hebraicos reúnem, como a Septuaginta, os salmos 114 e 115. Na Bíblia grega, os títulos dos salmos são mais numerosos e mais desenvolvidos que no texto hebraico.61 O Quadro 4 explicita a diferença da divisão dos textos nas versões.


Na Bíblia grega, os títulos dos salmos são mais numerosos e mais desenvolvidos que no texto hebraico. Esses acréscimos são em sua maior parte de origem judaica e descrevem o uso desse livro na liturgia judaica.63 Esses títulos não correspondem a indicações históricas exatas, sendo considerados como secundários em relação ao próprio corpus poético dos salmos e não garantem, portanto, um entendimento autêntico dos textos. Tais títulos foram acrescentados posteriormente pela tradição judaica e não se deve excluir que, já nesse cabeçalho dos salmos, se possam reconhecer as primeiras tentativas de classificação formal. Os biblistas têm tentado há séculos entender certas palavras utilizadas nos sobrescritos no sentido de termos genéricos, mas as informações etimológicas e históricas são insuficientes e não permitem obter clareza sobre essa questão. Já os tradutores dos séculos III e II a.C. não estavam mais em condições de entendê-los de forma correta. A maioria desses títulos alude a instrumentos de música, festas, entrada no templo, procissões e sacrifícios. Certamente deve-se ler os salmos no contexto de toda a literatura da Bíblia hebraica, do qual fazem parte e à qual remetem constantemente.